Por que a COVID-19 é mais séria que a gripe?

30 de março de 2020

Ambos são vírus respiratórios altamente contagiosos, mas aqui estão as principais diferenças que você precisa entender.

Existem muitos mitos circulando sobre a COVID-19, mas um dos mais preocupantes é que o novo coronavírus “não passa de uma gripe”. Os adultos mais jovens, em particular, podem ter a ideia equivocada de que esta doença é séria apenas para idosos e pessoas com problemas crônicos de saúde. De fato, adultos de todas as idades ficaram gravemente doentes de acordo com os últimos relatórios do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC). Dos 2.500 primeiros casos identificados nos Estados Unidos, quase 40% dos pacientes que foram hospitalizados com complicações tinham entre 20 e 54 anos de idade. Contudo, o risco de morte em idosos é muito maior.

No início, comparações entre a COVID-19 e a gripe (ou até mesmo o resfriado comum) entre figuras públicas podem ter contribuído para alguma confusão. Embora todas sejam infecções respiratórias altamente contagiosas, algumas são mais leves que outras. Por isso, existem algumas diferenças importantes que você deve considerar.

COVID-19 | Gripe | Resfriados

O resfriado comum, a gripe e a COVID-19 são transmitidas de pessoa para pessoa por contato direto ou por gotículas.

A transmissão por contato acontece quando há exposição direta com alguém que está doente. Isso inclui apertar as mãos, abraçar ou beijar. Também pode ocorrer quando pessoas tocam uma superfície contaminada e depois levam a mão a boca, nariz ou olhos.

Aqueles que estão doentes também podem infectar outras pessoas quando gotículas contaminadas da tosse ou de espirros entram em contato com a boca ou nariz de uma pessoa próxima. As gotas podem viajar cerca de um metro e oitenta antes de se estabelecerem em uma superfície próxima, onde podem persistir por horas ou, para alguns vírus, até dias.

Muitos tipos de vírus são responsáveis ​​por resfriados, mas geralmente são causados ​​por rinovírus. A maioria dessas infecções é leve e as pessoas se recuperam sozinhas sem tratamento. De fato, aos 2 anos de idade, a maioria das crianças teve de 8 a 10 resfriados. Ainda mais se tiverem ido para a creche ou escolinha.

A gripe, por outro lado, é causada por diferentes cepas do vírus Influenza. Os sintomas da infecção surgem mais repentinamente e tendem a ser mais graves que os de um resfriado. Enquanto resfriados podem levar a dor de garganta, tosse e coriza, as pessoas com gripe também podem desenvolver febre e sentir calafrios, dores no corpo e fadiga.

Na maioria dos casos, as pessoas com gripe se recuperam dentro de algumas semanas. Mas idosos, bebês e crianças muito pequenas ou pessoas com problemas de saúde subjacentes têm mais chances de desenvolver complicações como pneumonia, inflamação do coração, cérebro ou músculo, sepse ou falência de órgãos. Em casos extremos, a gripe pode ser fatal. 

A COVID-19 é mais mortal

Uma das diferenças mais importantes entre a gripe e a COVID-19 são suas taxas de mortalidade. Uma temporada de gripe severa tem uma taxa de cerca de 0,1%, de acordo com publicações recentes do New England Journal of Medicine.

Em comparação, a taxa de mortalidade por COVID-19 parece ser maior. Quão alto ainda é uma questão de investigação. Em 3 de março, a Organização Mundial da Saúde  (OMS) informou que cerca de 3,4% dos casos confirmados de COVID-19 em todo o mundo são fatais. Isso significaria que o novo coronavírus é 30 vezes mais letal que a gripe.

Mais pessoas são vulneráveis ​​à COVID-19

Os coronavírus, como a COVID-19, geralmente circulam entre animais, principalmente camelos, gatos ou morcegos. Quando eles sofrem mutações e infectam pessoas, a maioria desencadeia doenças leves a moderadas. Apenas raramente eles levam a condições mais graves, como foi o caso do SARS-CoV, MERS-CoV e SARS-CoV-2. Ainda assim, diferentemente da gripe sazonal, a COVID-19 é nova e o fato é que ninguém criou imunidade contra esta cepa, alerta a OMS.

Idosos e pessoas que têm condições médicas pré-existentes como asma, diabetes, hipertensão e doenças cardíacas, estão entre as que apresentam maior risco de complicações potencialmente mortais associadas à COVID-19. Esses agravamentos podem ser desde uma pneumonia até uma lesão cardíaca aguda, batimentos cardíacos irregulares, choques e lesões renais ou hepáticas.

Mantendo as coisas em perspectiva

Contudo, existem outros fatos importantes que não devem ser ignorados. Até agora, a maioria das pessoas infectadas com COVID-19 melhorou sozinha com cuidados dos sintomas respiratórios.

Cerca de 14% a 16% dos casos de COVID-19 resultaram em complicações. Menos ainda, aproximadamente 5%, apresentaram problemas graves como insuficiência respiratória, choque séptico e falência de órgãos. Isso significa que dezenas de milhares de pessoas em todo o mundo já se recuperaram da infecção, superando em muito o número de mortes confirmadas.

Esperança no horizonte

Não há contestações de que o surto interrompeu a vida de milhões de pessoas em todo o mundo: Confinamentos, adiamento de viagens, fechamento de escolas e outras empresas, cancelamento de reuniões em grande escala são apenas alguns exemplos das restrições impostas pelo vírus. Os trabalhadores foram forçados a mudar sua rotina. Hospitais e centros de urgência e emergência enfrentam uma grave escassez de suprimentos médicos essenciais, devido número crescente de pacientes que precisam de atendimento ao mesmo tempo.

E, diferentemente da gripe sazonal, atualmente não existem imunizações que protejam contra a COVID-19. Mas cientistas em todo o mundo trabalham para desenvolver uma vacina.

Em 28 de fevereiro, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, PhD, relatou que mais de 20 vacinas estão em desenvolvimento globalmente e vários tratamentos antivirais estão sendo testados.

O ensaio clínico de fase I de uma vacina experimental contra COVID-19 já está em andamento. Ela será testada em várias dezenas de pacientes saudáveis ​​para avaliar sua resposta imune e segurança. No entanto, mesmo no melhor cenário, uma vacina contra a COVID-19 provavelmente não estará disponível por pelo menos 12 ou 18 meses.

Em outra frente de pesquisa, medicamentos antivirais para ajudar a gerenciar a infecção por COVID-19 estão em desenvolvimento. Um ensaio clínico randomizado e controlado, avaliando a segurança e a eficácia de uma medicação antiviral experimental para o coronavírus, também está em andamento no Centro Médico da Universidade de Nebraska, em Omaha. Este é o primeiro estudo clínico dos EUA a avaliar um possível tratamento para a COVID-19. O fármaco foi previamente testado em pessoas com o vírus Ebola. Também mostrou ser promissor em estudos com animais como um tratamento potencial para outros coronavírus, incluindo o SARS-CoV e MERS-CoV.

Como se proteger

Mas você não precisa esperar uma vacina ou outros tratamentos antivirais para se proteger da COVID-19. Existem muitas medidas preventivas para evitar a exposição e proliferação do vírus:

  • Lavar bem as mãos, por pelo menos 40 segundos, com água e sabão;
  • Caso não tenha água e sabão à disposição, utilizar o álcool em gel;
  • Não tocar em nenhuma parte do rosto, incluindo olhos, nariz ou boca com as mãos sem estarem devidamente higienizadas;
  • Evitar pessoas com suspeita ou confirmação da doença.

Muitas pessoas, principalmente de áreas afetadas, optaram por usar máscaras para se proteger da COVID-19, o que levou a uma escassez crítica do insumo entre os profissionais de saúde em determinadas partes do mundo. Pessoas saudáveis não devem usar máscaras médicas, a não ser que estejam cuidando de doentes.

Há diversos tipos de máscaras com indicações distintas e os preços costumam variar, mas nenhuma delas é infalível na prevenção de infecções, especialmente se forem usadas incorretamente ou se as pessoas tocarem seus rostos com mais frequência com mãos contaminadas. Utilizá-las desnecessariamente não só pode dar às pessoas uma falsa sensação de segurança, mas também levar à escassez daqueles que realmente precisam delas.

Se você acha que pode estar doente

Qualquer pessoa que acredite estar infectada com COVID-19 ou possa ter sido exposta ao coronavírus deve tomar medidas imediatas para se isolar e evitar espalhar sua doença para outros.

Se desenvolver algum sinal de infecção, ligue para o seu médico e obtenha instruções de como proceder. Ao ir a um hospital, informe à equipe médica que você pode ter sido exposto à COVID-19. Uma vez avisados eles te isolarão e determinarão se você precisa fazer o teste.

Revisado clinicamente em março de 2020.

Fontes:

Anthony S. Fauci, MD, H. Clifford Lane, MD, e Robert R. Redfield, MD. New England Journal of Medicine. Fevereiro de 2020. “Covid-19 – Navegando no desconhecido. ” Whitehouse.gov. “Palavras dos membros da Força-Tarefa do Coronavírus em Coletiva de Imprensa na Casa Branca. “

Clínica Mayo. “Resfriado comum.”

Healthchildren.org. “Infecções por rinovírus.”

Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC). “Sintomas e complicações da gripe.”

Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC). “Fatos importantes sobre a gripe.”

Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC).”Transcrição de telebriefing para o COVID-19. “

Organização Mundial da Saúde (OMS). “Atualizações contínuas sobre o COVID-19.”

Moderna. “Moderna envia vacina mRNA contra o novo coronavírus (mRNA-1273) para estudo de fase 1.”

Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas. “Começa o ensaio clínico NIH com o Remdesivir para tratar COVID-19.”

O Instituto Aspen. “7 coisas que você precisa saber sobre o novo coronavírus, segundo especialistas.”[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]