Quando uma vacina contra a COVID-19 estará disponível e por que o processo é tão demorado?

20 de maio de 2020

[vc_row type=”in_container” full_screen_row_position=”middle” scene_position=”center” text_color=”dark” text_align=”left” overlay_strength=”0.3″ shape_divider_position=”bottom”][vc_column column_padding=”no-extra-padding” column_padding_position=”all” background_color_opacity=”1″ background_hover_color_opacity=”1″ column_shadow=”none” column_border_radius=”none” width=”1/1″ tablet_text_alignment=”default” phone_text_alignment=”default” column_border_width=”none” column_border_style=”solid”][vc_column_text]Essa é uma das principais perguntas que os jornalistas ouvem e fazem hoje em dia. Exaustos com os efeitos colaterais do distanciamento social e desligamento econômico, muitos se questionam quando uma imunização efetiva finalmente chegará e salvará o dia.

O Dr. Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos (NIH), é categórico quando afirma que uma vacina ainda demorará pelo menos de 12 a 18 meses para ser liberada. Outros sugerem que isso pode acontecer um pouco antes. Contudo, embora seja definitivamente útil estar imunizado contra o coronavírus uma coisa é clara: não há como apressar o processo.

As vacinas são incríveis. Desde sua descoberta em 1796, elas mudaram o mundo, prevenindo muitas doenças transmissíveis que antes atormentavam os seres humanos. Hoje, o Calendário Nacional de Vacinação do governo federal disponibiliza 19 imunizações para mais de 20 enfermidades, cuja proteção inicia ainda nos recém-nascidos e se estende por toda a vida. Mas apesar da prevalência, o desenvolvimento de uma vacina é uma tarefa longa e árdua. Desde a pesquisa inicial até a ampla distribuição para o público em geral, todo o processo geralmente leva mais de 10 anos. A razão para isso é que existem dois fatores muito importantes que toda imunização deve ter: segurança e eficácia. Se é segura, mas não eficaz, não faz sentido usá-la. Se o contrário for verdadeiro, ela pode acabar causando mais danos do que benefícios.

As vacinas são seguras?

Toda vacina licenciada para uso passa por diversas fases de avaliação. Os candidatos são examinados desde os processos iniciais de desenvolvimento, como a escolha da composição, passando pelo estágio de testes em animais e administração em humanos para finalmente ser considerada em ensaios clínicos. Somente após ter sucesso em todas essas etapas é que o produto final chega para validação de institutos reguladores independentes. No Brasil, essa função cabe à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), órgão vinculado ao Ministério da Saúde.

Cada um desses passos geralmente leva meses ou anos para serem concluídos, e por boas razões. Os efeitos colaterais nem sempre aparecem imediatamente, portanto a única maneira de garantir que eles não ocorram é seguir testando por um longo tempo. Da mesma forma, a imunidade ao agente infeccioso pode não durar, por isso é importante verificar se os efeitos benéficos de uma vacina ainda estarão presentes meses a anos após a administração. Sem esses dados, é impossível prever qual poderia ser o resultado da imunização em uma população.

Quando uma vacina contra o coronavírus ficará pronta?

Muitos países e investidores têm pressionado os laboratórios por um cronograma de desenvolvimento abreviado para a COVID-19, já que algumas partes desse processo podem ser otimizadas, mas existem certas etapas que simplesmente não podem acontecer mais rapidamente, e é por isso que a distribuição de uma vacina antes de 12 a 18 meses a partir de agora é improvável.

A boa notícia é que atualmente mais de 70 candidatos estão sendo investigados para imunização da COVID-19, alguns dos quais já iniciaram os ensaios clínicos de fase 1 e 2 em humanos. Além disso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) pediu a colaboração entre todos os que procuram desenvolver uma vacina, na esperança de que o trabalho em conjunto traga uma solução mais rapidamente.

Contudo, a má notícia é que atualmente não há garantias de que algum desses candidatos realmente traga uma solução efetiva. Historicamente, existe uma baixa taxa de sucesso dos aspirantes a vacina, com queda significativa a cada passo do processo. Um estudo constatou que apenas 6% dos produtos avaliados tem chance de chegar ao mercado. E essa predição é particularmente verdadeira quando o assunto é a COVID-19, especialmente porque ainda há muito a ser descoberto sobre o vírus.

Por isso, embora seja bom definir um cronograma abreviado e sugerir um prazo para que uma imunização chegue a ser distribuída, a dura realidade é que talvez uma vacina demore muito para ser desenvolvida. Algumas doenças transmissíveis ainda aguardam por este tipo de solução. É o caso do HIV, herpes e hepatite C, por exemplo. E isso não é porque ninguém tentou, pelo contrário, existem diversas iniciativas atuando ativamente nessas pesquisas, mas algumas doenças simplesmente não são tão fáceis de vacinar quanto outras.

Existem outros complicadores para o desenvolvimento da vacina?

Para descobrir se é possível criar uma vacina contra a COVID-19, podemos ver o que foi feito no passado. Durante surtos anteriores de coronavírus (como o de SARS de 2002 a 2004 e MERS de 2012 a 2013), os candidatos foram estudados, mas, em última análise, nenhuma amostra se provou eficaz. Parte disso se deveu à falta de interesse e financiamento das instituições públicas e privadas. Além do que, certas cepas do vírus previamente testadas resultaram em um aprimoramento vacinal da doença, situação em que a imunização pode piorar o surto existente.

A história, no entanto, deve ser diferente em se tratando da COVID-19. Nunca um coronavírus se propagou tão rapidamente e com efeitos devastadores. Por isso, é improvável que os financiamentos se esgotem tão cedo. A quantidade de recursos atualmente despejados no desenvolvimento de vacinas é encorajadora, e o tempo dirá quão eficazes esses esforços foram. O certo é que temos um longo processo pela frente e um motivo para isso. Antes de injetar um medicamento em toda a população, é preciso ter certeza de que se sabe o máximo possível sobre o vírus e seus desdobramentos. Por mais que demore, fica claro que os pesquisadores estão comprometidos com a busca por uma solução segura e efetiva.

Revisado clinicamente em Maio de 2020.

Fontes:

Up to Date. Abril de 2020. “Coronavírus.”

Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC). “Coronavírus humanos comuns.”

NBC News. 05 de Março de 2020. “Cientistas estavam perto de uma vacina contra o coronavírus anos atrás. Então o dinheiro secou.”

PlosONe. 20 de Março de 2013. “Quantificado o risco na pesquisa e desenvolvimento de vacinas.”

Organização Mundial da Saúde (OMS). 13 de Abril de 2020. “Declaração pública para colaboração no desenvolvimento da vacina contra COVID-19.”

Organização Mundial da Saúde (OMS). 20 de Abril de 2020. “Cenário das vacinas candidatas contra COVID-19.”

The New York Times. 30 de Abril de 2020. “Quanto tempo leva para uma vacina ficar pronta?”

Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC). “Garantindo a segurança das vacinas nos Estados Unidos.”

Ministério da Saúde. Saúde de A a Z. “Vacinação: quais são as vacinas, para que servem, por que vacinar e mitos.”

The Wall Street Journal. 28 de Abril de 2020. “A corrida pela vacina contra o coronavírus acelera enquanto a Pfizer diz que os testes nos EUA começarão na próxima semana.”

Coletiva de imprensa dos Membros da Força-Tarefa contra o Coronavírus na Casa Branca. 26 de Março de 2020. [/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]