Saúde 4.0: quais são seus impactos e como se preparar?

13 de fevereiro de 2020
Saúde 4.0

Estamos passando pela Quarta Revolução Industrial, também chamada de Indústria 4.0. A premissa desse movimento é a utilização de novas tecnologias, que deixam de ter um papel de suporte e ganham mais destaque nas operações. É aí que surge a Saúde 4.0.

Esse conceito está diretamente relacionado à transformação digital que muitas empresas, dos mais variados ramos de atuação, estão vivendo. Esse movimento é o principal responsável por fazer com que as organizações não só invistam em tecnologias mais tradicionais, como também apostem em soluções inovadoras.

Neste artigo, explicamos do que se trata a Saúde 4.0, como se dá a relação entre a tecnologia e o cuidado com pessoas e quais são os benefícios do investimento em soluções voltadas para a gestão da saúde. Continue a leitura para saber mais sobre o assunto!

O que é a Saúde 4.0?

A Saúde 4.0 vai ao encontro das mudanças que ocorrem na Indústria 4.0 e tem como foco o uso de tecnologias aplicadas ao setor. Então, estamos falando de internet das coisas, computação em nuvem, automatização e outras soluções que ajudam a otimizar as mais variadas rotinas.

Basicamente, as quatro fases das revoluções industriais, e seus impactos tanto no mercado quanto na sociedade, se deram da seguinte forma:

  • Primeira fase — início da mecanização dos processos, quando toda a produção ainda era feita manualmente;
  • Segunda fase — produção em massa e uso da eletricidade;
  • Terceira fase — tecnologia da informação e investimentos em computação e telecomunicações;
  • Quarta fase — economia colaboradora, inteligência artificial, tecnologias disruptivas.

Mesmo se tratando de mudanças promovidas no ambiente industrial, podemos ver como elas afetam outros setores e até mesmo o estilo de vida da sociedade.

Até pouco tempo atrás, ainda estávamos na fase de informatização, adotando computadores, internet e alguns sistemas na rotina de trabalho. Hoje, estamos dando um passo a mais e investindo em novas e mais modernas tecnologias.

Qual é a importância da Saúde 4.0?

A Saúde 4.0 e sua consequente revolução na área médica gera impactos na forma como novos tratamentos são desenvolvidos, na gestão da saúde e até mesmo no acompanhamento dos pacientes.

Com determinadas soluções tecnológicas, é possível gerar ainda mais conhecimento e, a partir daí, adotar decisões mais acertadas e aumentar a inteligência de negócio.

Por meio de ferramentas direcionadas, consegue-se levantar informações a respeito dos usuários de planos de saúde, como os dados de utilização, e avaliar as ações preventivas que podem ser adotadas para diminuir os sinistros.

Na prática, isso envolve a possibilidade de criar perfis mais completos dos beneficiários e identificar quais programas podem ser implementados para cuidar de pessoas com doenças crônicas (como diabetes e hipertensão), aumentar a qualidade de vida na melhor idade e dar mais atenção à saúde mental, por exemplo.

Além disso, fica mais fácil trabalhar a saúde com o foco na prevenção de condições que podem gerar a necessidade de uso do plano e, consequentemente, elevar os custos operacionais.

Quais são os maiores impactos da Saúde 4.0?

A relação entre tecnologia e medicina proporciona uma série de recursos que atendem às mais variadas necessidades, gerando benefícios distintos. A seguir, explicamos os principais deles.

Rapidez na identificação do perfil de saúde

Adotar características da saúde 4.0 significa investir mais em soluções digitais. Como consequência, consegue-se levantar, de forma mais rápida e precisa, as condições de saúde dos beneficiários e criar perfis cada vez mais completos de cada um deles.

Tudo isso auxilia na hora de realizar análises e identificar grupos de risco (por exemplo, com base em histórico familiar e nos hábitos) e sinalizar quando é necessário promover uma atenção extra.

A partir daí, se o plano de saúde sabe que tem determinada quantidade de beneficiários com hipertensão (e risco de desenvolver problemas cardiovasculares), por exemplo, inicia-se um trabalho de orientação a respeito de acompanhamento médico, mudanças nos hábitos alimentares e necessidade de realizar atividades físicas.

O objetivo é promover a atenção primária, evitando que as pessoas desenvolvam condições de saúde a ponto de precisar fazer uso da emergência, o que onera bastante o plano.

Diminuição de sinistros no plano de saúde

À medida que soluções inovadoras vão sendo colocadas em prática, fica mais fácil identificar as principais causas de sinistros nos planos e o que precisa ser feito para diminuir esse índice.

Não só isso, a tecnologia também contribui para cruzar informações a respeito dos usuários e identificar grupos que precisam de atenção específica. Assim, em vez de contar com “achismos”, é possível se basear em modelos preditivos para atuar sobre os problemas antes mesmo que eles aconteçam.

Em outras palavras, isso está ligado à identificação de fatores de riscos e de quais medidas preventivas devem ser tomadas para evitar que as pessoas adoeçam e precisem usar o convênio em decorrência de situações que poderiam ser evitadas.

Análise de dados dos pacientes

Outra grande vantagem da Saúde 4.0 é poder contar com tecnologias responsáveis por criar, armazenar e compartilhar informações sobre os pacientes – com o devido respeito ao sigilo médico e às leis de proteção de dados.

Dessa forma, é possível obter históricos cada vez mais completos, além da possibilidade de estratificar essas pessoas de acordo com determinadas características e indicar tratamentos mais direcionados.

Com base nas informações de utilização do plano de saúde, as operadoras podem desenvolver programas de prevenção e de melhoria na qualidade de vida para os beneficiários, ou até mesmo terceirizar esse serviço a uma empresa de gestão de saúde.

Eles são fundamentais para promover uma mudança comportamental, que vai refletir na melhora da saúde e prevenção de problemas. É uma estratégia na qual todos saem ganhando — operadoras e beneficiários.

Consequentemente, consegue-se perceber uma diminuição nos gastos com saúde e na taxa de sinistralidade dos planos, que reflete nos resultados financeiros da operadora.

Práticas de medicina preventiva

Pode-se perceber impactos e mudanças positivas no que diz respeito ao acompanhamento dos pacientes e ao desenvolvimento de opções de tratamentos.

Isso está ligado ao que foi abordado no tópico anterior: planos de saúde, com o auxílio da tecnologia, gerando informações relevantes a respeito dos usuários.

Esses dados são usados com o objetivo de entender melhor os motivos pelos quais os sinistros são gerados. A partir daí, é possível propor programas de gerenciamento, com o envolvimento de profissionais especializados, para promover cuidados preventivos com a saúde, o que inclui:

  • Alimentação saudável;
  • Controle de estresse;
  • Controle do peso/obesidade;
  • Acompanhamento de pacientes crônicos;
  • Ações voltadas para o envelhecimento saudável.

Acompanhamento personalizado

A coleta e análise das informações também permite entender melhor os perfis dos pacientes. Isso torna o atendimento e o acompanhamento mais personalizado. Assim, mesmo com o alto uso de tecnologias, a tendência é que as relações se tornem ainda mais humanizadas.

É essa proximidade que ajuda a entender melhor as necessidades de cada indivíduo, para oferecer soluções direcionadas para os problemas apresentados. Dessa forma, os resultados alcançados são mais efetivos.

Gestão da saúde integrada

É por meio da gestão integrada que se consegue entender todo o contexto clínico do paciente e como o histórico afeta sua condição de saúde. Com a Saúde 4.0, fica mais fácil levantar e consolidar essas informações em um único lugar.

Quais são as principais tecnologias da Saúde 4.0?

Já que estamos falando tanto sobre as tecnologias que fazem parte da Saúde 4.0 e as contribuições que elas podem oferecer para o setor da saúde, nada mais justo que apresentar algumas delas e explicar de que maneira elas contribuem. Vamos lá?

Software na nuvem

A utilização de sistemas na nuvem voltados para a saúde abre possibilidades para que as informações sejam compartilhadas de qualquer lugar, a qualquer momento. Isso facilita a atualização dos cadastros e o monitoramento de pacientes.

Internet das Coisas

A Internet das Coisas (IoT) tem o conceito ligado à integração do mundo real ao digital, permitindo que diversos dispositivos sejam conectados à rede e “conversem” entre si.

Na prática e no contexto da saúde e bem-estar, temos o uso dos smartwatches e as smartbands, por exemplo. Trata-se de relógios com funções que medem os batimentos cardíacos e monitoram o sono dos usuários, por exemplo.

Big Data

Big Data é a solução voltada para a coleta, interpretação e análise de volumes massivos de dados, independentemente da fonte na qual eles foram originados.

Na gestão da saúde, ele é utilizado para identificar as características que determinado grupo de pacientes tem em comum e usar essas informações a favor da gestão ou mesmo de tratamentos.

Entre as aplicações práticas dessa solução, podemos citar:

  • acompanhamento de informações e indicação de programas para determinado grupo de pacientes (como aqueles que têm problemas crônicos);
  • identificação da probabilidade de eventos futuros ocorrerem, estimativa de valores com base em padrões e classificação de informações (modelagem preditiva).

Como se preparar para a transformação digital na saúde?

Antes de tudo, é crucial que as instituições reconheçam a importância da tecnologia e as contribuições que ela tem a fazer. É a partir daí que fica mais fácil se preparar, avaliando, inicialmente, quais são os desafios a serem superados.

Eles podem estar ligados a custos, mudanças nos processos e até mesmo a resistência em relação ao uso de novas tecnologias.

É importante entender também quais impactos podem ser gerados nessa fase de transição para uma gestão mais digital, o que vai desde a implementação de tecnologias até o atendimento aos beneficiários. Isso significa identificar as mudanças necessárias e quais benefícios elas podem trazer.

O ideal é que se tenha uma visão positiva do movimento, principalmente no que diz respeito ao uso adequado do convênio médico, à possibilidade de tratar da saúde de forma preventiva (e não paliativa) e também no ganho de eficácia na gestão em saúde — o que inclui os custos, os recursos e as pessoas.

Estudo das necessidades dos pacientes

Antes mesmo de passar pela transição, é recomendado que se realize um estudo para entender melhor quais são as necessidades das operadoras. Com base nisso, fica mais fácil identificar quais são as melhores soluções para resolver os problemas levantados.

Então, se a principal reclamação é o alto gasto com uso do convênio em atendimento de urgência, por exemplo, realiza-se uma análise a fim de entender se o número pode ser reduzido ao se investir em campanhas para orientar sobre a importância da atenção básica — com controle feito em consultório e em ambulatório.

Uma opção, também, é oferecer um canal de atendimento de saúde 24 horas. A ideia aqui é identificar se uma pessoa em crise realmente precisa de atendimento emergencial naquele momento, fornecendo orientações em linha ou indicando o canal mais adequado.

Indicação de aplicativo para pacientes

Adotar o uso de um aplicativo é uma boa estratégia para ajudar o paciente adotar hábitos mais saudáveis, que ajudam a prevenir certas condições de saúde.

Atualmente, já existem soluções que permitem, por exemplo, fazer monitoramento do sono e até mesmo do nível de estresse, por meio da análise do tom de voz em chamadas telefônicas. Além disso, é possível calcular a idade real do corpo, acompanhar conteúdos e dicas de saúde personalizadas e obter descontos em medicamentos.

Mas para a implantação da estratégia dar certo, é muito importante orientar os usuários a respeito do cadastro no aplicativo e de como ele pode ajudar na rotina.

Visão além da tecnologia

Soluções como Big Data, modelagem preditiva, Internet das Coisas, Inteligência Artificial e computação em nuvem já estão sendo utilizadas no campo da saúde e bem-estar e contribuem para que a medicina seja revolucionada.

Porém, o ideal é que se enxergue esse movimento além da tecnologia, que contribui de diversas formas para melhorar os processos. Ou seja, como uma forma de estar mais próximo dos pacientes, oferecer um atendimento mais humanizado e cada vez mais individualizado.

No contexto do plano de saúde, a ideia é conhecer o perfil de cada beneficiário mais de perto, a ponto de entender de quais programas eles podem (e precisam) fazer parte para controle da saúde, evitando condições que podem aumentar a sinistralidade do plano.

A Saúde 4.0 chegou para promover definitivamente a integração entre tecnologia e a medicina. Algumas soluções já estão sendo colocadas em prática e ajudando a aprimorar o monitoramento e indicar ações de prevenção. Porém, ainda temos um caminho a percorrer na transformação digital, sempre focados em melhorar a qualidade de vida e o bem-estar dos pacientes.

Gostou deste artigo e quer continuar acompanhando outras publicações referentes às novidades na área da saúde? Então, assine nossa newsletter e receba em seu e-mail, em primeira mão, outros conteúdos que são lançados por aqui!